Top Series não cumpriu o prometido em termos de cobertura
(Mal, muito mal) - A Top Series, categoria que tinha tudo para revolucionar a Endurance no Brasil e fazer um certame da modalidade dar certo no Brasil após muitas tentativas frustradas nos últimos anos, após começar bem, com transmissão na íntegra da prova preliminar da Indy, hoje deu amostras de que, infelizmente, não está no caminho certo.
E o principal motivo foi entregar uma cobertura de televisão bem menor do que prometeu, neste domingo. O primeiro release da categoria, e cuja informação continuou sendo divulgada até bem pouco tempo, diz o seguinte (em 03.03.2012):
"...Cada corrida terá três horas de duração – e todas elas serão mostradas em seus melhores e decisivos momentos durante uma hora pela Band..." (veja em
http://www.topseries.com.br/noticias/ver/noticia/840). No último sábado, ainda anunciou
"Com três horas de duração, a corrida terá toda a sua primeira parte exibida ao vivo na Band, a partir das 10h30. Depois, a emissora dará sequência à programação, abrindo espaço para a transmissão do jogo entre Espanha e Itália, pela Eurocopa." (
http://www.topseries.com.br/noticias/ver/noticia/890).
Pois bem, o que se viu na manhã deste domingo, quando ocorreu a 2ª etapa da categoria, em Curitiba, foi algo que, nem de longe, chegou perto do prometido. A corrida teve largada às 10h30min, e teve transmissão de APENAS 30 MINUTOS, até às 11h, quando a emissora colocou um "sensacional" programa para vender escovas de cabelo. Para completar, os 30 pífios minutos tiveram TRÊS LONGOS BREAKS COMERCIAIS NO MEIO, cada um com aproximadamente 5 minutos.
Ou seja: a organização da Top Series prometeu uma hora de transmissão ao público e às equipes, e entregou 15 minutos.
Como ficaria uma equipe que, baseada nas informações da categoria, bateu de porta em porta e viabilizou a participação vendendo uma cota de patrocínio, oferecendo uma hora de exposição, e entregou 15 minutos?
Vamos lembrar que a categoria tem custos altos, bem mais altos que o Gaúcho de Endurance, por exemplo, mesmo com algum esforço que diminuiu um pouco para os protótipos. Daí alguém justifica: "Ah, tu vê, é caro mas tem mídia na Band". Bom, se este era o atrativo para justificar os custos, melhor começar a baixá-los substancialmente.
Já tive notícia de, pelo menos, duas equipes de protótipos turbo do Rio Grande do Sul que avaliavam uma possível participação no campeonato, mas, após a amostra de hoje, praticamente descartaram esta possibilidade.
Outra questão é que o corte das câmeras foca 95% os carros GTs que andam na ponta, o que faz parecer que os protótipos são meros coadjuvantes que estão ali apenas para fazer um grid com número mínimo para evitar o fiasco. Isso, igualmente, afasta os patrocinadores das equipes que mais precisam, visto que os GTs, via de regra, já tem um esquema forte que banca suas corridas.
Mesmo enquanto apenas um entusiasta de automobilismo e fã da Endurance (assisto às provas e faço cobertura das etapas do Gaúcho da modalidade), me senti desrespeitado, um verdadeiro tolo, por acordar às 10h30min de um domingo, que podia render um sono prolongado, para assistir à falta de respeito de um tempo minúsculo de corrida, com comerciais no meio. Queria ver o "gritedo" que seria se colocassem intervalo enquanto a bola rolasse em alguma dessas peladas de campeonatos de futebol "profissional", que rendem horas de cobertura de qualquer bobagem, até mesmo a dor pubiana do reserva do Arranca-Tôco F.C.
Enfim, um dos motivos que afugenta as empresas de investir algum dinheiro no automobilismo é exatamente este: descumprimento do que é prometido. Confiança é algo que, uma vez perdido, jamais se recupera. Agora, mesmo que cumpra o prometido (uma hora de transmissão na próxima etapa), a categoria já gerou desconfiança em equipes e eventuais patrocinadores, que poderão pensar que um jogo de futebol qualquer, que esprema a grade da emissora, poderá fazer com que seu dinheiro investido em uma equipe seja praticamente jogado fora, em termos de retorno.
Uma pena ver o Brasileiro de Endurance, mais uma vez, estar indo mal.
Tubarão no grid, em Curitiba
Falando da única equipe gaúcha que participou da etapa, o MC Tubarão, que correu com o número #15, infelizmente não foi bem. Após bater no sábado e largar em 7º, o carro, devido à batida, ficou aquém do rendimento esperado, até que um problema na bomba de óleo tirou o carro da prova, finalizando em 15º geral. Ficamos na torcida pelo nosso representante na proxima etapa, que será realizada em Interlagos, dia 22 de Julho.
Torcemos, também, para que seja cumprida a cobertura anunciada, embora ache que o prejuízo à imagem da categoria já seja de complicada reparação.