segunda-feira, 16 de abril de 2012

Uma reflexão sobre a "mídia funerária", que, de automobilismo, só divulga tragédias

Sangue na tela: a mídia funerária

Não consegue divulgação para sua categoria regional de automobilismo ou motovelocidade? Grandes redes de mídia não têm interesse por sua modalidade esportiva, e só divulgam futebol?

É fácil ganhar destaque: quando acontecer um grande acidente em que alguém morra, estas empresas "jornalísticas" não perderão a oportunidade de incluí-lo em pauta.

Um acidente com morte ocorrido no Campeonato Gaúcho de Motovelocidade, neste final de semana em Guaporé, que vitimou o piloto de Caxias do Sul, Willian Onzi, mostrou mais uma vez a FALTA DE SERIEDADE com que grande parte da mídia trata qualquer esporte que não seja FUTEBOL.

Um grande veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, que é conhecido por muito raramente dar algum espaço para o automobilismo (e quando dá, é sempre rapidamente ou em algum programa que não está entre os líderes de audiência), aproveitou a tragédia para dar grande espaço ao ocorrido, inclusive com chamadas no início de seus principais telejornais.

Aí é que cabe uma reflexão: se as categorias regionais não são interessantes para estes veículos, não devem tornar-se interessante apenas porque houve uma morte. Isso é coisa de abutres, ou de uma espécie de "agentes funerários perversos"*, com uma abordagem sensacionalista lamentável, buscando (em reportagem no seu portal de internet) o depoimento de outro piloto envolvido no acidente, traumatizado, para tornar a notícia ainda mais dramática, ter mais audiência, e vender mais cotas publicitárias.

E isto não é exclusividade desta rede que citei, há outras com o mesmo procedimento, inclusive em outros tipos de mídia. Tem "GRANDE" jornalista/blogueiro de automobilismo lá de São Paulo, que comanda um site de automobilismo que também pratica esse tipo de "jornalismo", nunca divulga as categorias regionais, mesmo se tiverem grandes grids ou belas disputas. Mas quando há alguma tragédia, também é tomado de um súbito interesse pelas "categorias regionais mequetrefes" (termo com o qual se referiu quando questionado por que não havia divulgado uma linha sobre as 12 Horas de Tarumã, principal prova automobilística de longa duração do Brasil atualmente).

Sei que nada mudará e que tudo continuará assim, afinal de contas, Niltão Amaral não é ninguém importante, nem jornalista é... Verdade, porém é um cidadão empenhado na divulgação de TUDO o que envolve o automobilismo regional, coisas boas e ruins (mas com abordagem séria), por ser completamente apaixonado por ele, desde piá, e com discernimento suficiente para perceber essas tristes práticas jornalísticas. Chega de assistir calado a tudo isto. Não vou citar nomes, não é necessário, quem sabe, sabe, que não souber, dê uma analisada e logo saberá. E parabéns aos que são diferentes, pois hoje temos aqui no estado, pelo menos, um veículo grande que vem abrindo espaço, gradualmente, ao automobilismo, inclusive gerando notícia sobre ele, indo a campo e fazendo cobertura de provas.

Reflitam, profissionais. E decidam-se: se o automobilismo interessar-lhes, divulguem SEMPRE. Se não interessar, esqueçam quando houver tragédia, e ao invés da morte no autódromo, divulguem aquela interessantíssima notícia sobre a dor pubiana daquele jogador do Arranca-Tôco Futebol Clube. Afinal, futebol "vende" sempre, e o dinheiro parece estar acima da ética e do interesse jornalístico.

*Simples metáfora. Nenhum demérito para a profissão de agente funerário, pois estes prestam um serviço fundamental às pessoas num momento de dor, ao contrário de alguns jornalistas que exploram de forma aviltante a tragédia alheia.

6 comentários:

  1. Grande texto Niltão, assino embaixo.Essas palavras deveriam chegar nas mãos dos "poderosos" da mídia. Isso tem que acabar, pois a impressão que passam é que nosso esporte é coisa pra loucos suicidas, quando no futebol, provavelmente morrem tantos ou mais jogadores durante treinos e partidas que no automobilismo.
    Gustavo Rodrigues

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  2. Este post tem que ir para o Facebook e ser espalhado mundo afora, para que as midias impressas se dêem conta do que estão fazendo.

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  3. O cara tá inspirado mesmo.

    Temos sim que registrar este texto, imprimir, e guardar como documento histórico para daqui a alguns anos ou décadas podermos olhar e dizer:

    Tudo começou a mudar após um certo Piloto Jornalista escrever este baita documento e um grande exército ter levado sue conteúdo pelas coxilhas afora.

    PÁU NELES NILTÃO E COMPANHIA !

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  4. Parabéns pelo texto,Niltão,tens toda razao!!
    é uma barbaridade isso!!

    Marcelo Vieira

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  5. Assino em baixo Niltão, temos três pilotos aqui de Lages S.C que correm no Gaúcho de motovelocidade, e alguns mais que já correram e o único meio de comunicação que sempre divulga a participaçaõ deles é o jornal da cidade (CORREIO LAGEANO), e o que vc falou sobre o grupo de mídia que só falou da corrida devido a tragédia é o mesmo que tem aqui em Sta Catarina e fez a mesma "merda" aqui tbém e é assim tbém com o nosso campeonato de velocidade na terra se não fosse a vontade de alguns abnegados nunca teria 1 minuto na tv, uma pena o que fazem com o automobilismo, parabéns pelo texto e continue utilizando este espaço para este tipo de expressão tbém!!!

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  6. É ISSO AI NILTÃO,QUANDO TEMOS ALEGRIA NÃO MOSTRAM,QUANDO TEMOS DOR MOSTRAM DURANTE UMA SEMANA.

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